07/11/10

A Cristandade

Depois do sucesso (medido em números) que foi a visita de Bento XVI ao Reino Unido e a Portugal, a imprensa (RTP, com Rosa Veloso, não continha a excitação) faz eco da aparente “desilusão” (medida em números) que marcam esta visita do Papa a Espanha. Ao passar os olhos pela imprensa parece que – paradoxo dos paradoxos - no coração da cristandade os gays de Barcelona foram os que mais se mobilizaram com esta visita...

Ainda me espanto com a capacidade de mobilização “anti-papa” e genericamente “anti-cristianismo" de certos grupos face a instituições que nada lhes dizem. Lembrei-me de algo que aconteceu em Londres na minha recente visita à National Gallery. Estava um grupo de crianças sentado à frente de uma famosa pintura de Caravaggio, (The Supper at Emaus), e o professor interpelava animadamente os alunos sobre ela. As crianças estavam atentas, motivadas e levantavam o braço para poderem intervir explicando as emoções que o quadro lhes transmitia e eu fiquei um pouco ali também a partilhar o entusiasmo do professor e adesão dos alunos. De repente ouço-o explicar que Jesus era o senhor que estava com cabelo comprido e no centro do quadro, e que Jesus é muitas vezes retratado assim e às vezes até com barba. Em Londres, outro centro da cristandade (o berço do Anglicanismo) um professor explica às crianças quem é Jesus num quadro. Olhei melhor: as crianças eram inglesas “caucasianas”, não havia naquela pequena turma crianças de outra origem étnica que nos fizesse pensar que seriam “não cristãs”. Fiquei quase atordoada. Eu creio que nasci a saber reconhecer Jesus em qualquer quadro ou representação e esse ensinamento do professor – muito pertinente, não duvido – foi como um choque: nunca me tinha ocorrido, como um dado adquirido, que no mundo cristão era preciso ensinar quem era Cristo e como se reconhece Cristo numa representação.

Depois li Filipe Nunes Vicente neste post: está tudo dito.

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