24/01/11

O título da notícia do Público é todo um programa – ideológico e da má-fé. E já nem sequer se preocupam em disfarçar essa má-fé (e pequenino ódio) de tal modo ela é sentida como aceitável, social e politicamente. Percebo que não tivessem querido fazer um título como “Cavaco (e porque não Cavaco Silva?) ganha em todos os distritos do país”, mas continuo a perguntar-me porque é que são psicológica, genética, sociológica e politicamente incapazes de fazer um título não valorativo, não depreciativo, não desvalorizante, e que se limite aos factos de cada vez que se trata de Cavaco Silva? Porque é que com ele nunca há complacência tal como há (e mal) com tantos outros políticos? Porque é que não conseguem fazer um título simples como: “Cavaco ganha.”? Porque é que cada vitória de Cavaco Silva, nascido e criado em Boliqueime e com uma marquise que ontem as televisões não pararam de analisar, é sempre uma espinha na garganta de tanta comunicação social, de tanto analista político, de tanto comentador, de tanto intelectual, à esquerda como também à direita?

Hoje de manhã ouvi na rádio Alfredo Barroso, oriundo duma família que enriqueceu despudorada e visivelmente com a política, insistir na necessidade de Cavaco Silva explicar melhor o seu “negócio” de acções com o BPN. Será que ele nunca sentiu a necessidade de membros da sua família explicarem melhor tantas regalias e favores tidos, tantos negócios feitos, alguns dos quais até pelos tribunais passaram?

Às vezes até me pergunto e temo se, em bom rigor, o meu apoio político Cavaco Silva não se deverá mais à raiva que tantos lhe têm, do que aos seus próprios méritos.


Nota: Convém não deixar cair no esquecimento mais um vazio e mais uma inconsequência e irresponsabilidade de um dos mais acarinhados chavões de José Sócrates: a reforma tecnológica que entre outros gloriosos feitos (e outros tantos desfeitos) deu corpo ao célebre “Cartão do Cidadão” objecto de alguns dissabores cujo clímax de ontem tantos exasperou. Ontem a tecnologia socrática esbarrou na realidade e revelou-se na sua inoperante plenitude. Falar só não chega. Discursar entusiasticamente e enunciar optimismo em forma de intenções e modernizações não chega. Há planeamento, investimento e trabalho consequente que precisa de ser feito. Pelos vistos não foi. Quem é que vai tirar responsabilidades políticas deste fiasco?

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