Lamento que o novo Primeiro-ministro, em absoluto estado de graça e merecendo um quase unânime louvor por cada “ai” que lhe sai da boca (excepção feita aos PS ainda mal refeitos do fim do socratismo), não perceba a diferença entre Pedro Passos Coelho e o Primeiro-ministro. As conversas/promessas de chacha e respectiva decisão de trocar os bilhetes de classe executiva para classe económica (os senhores jornalistas, não querem ver quanto tempo dura esta decisão, por favor?) não só não me convencem – da sua utilidade, claro - como me irritam. Eu quero o meu Primeiro-ministro, no exercício da sua alta função de estado, a fazê-lo com a dignidade que o cargo exige. Nem mais, nem menos.
Eu quero que o Primeiro-ministro use as salas VIP, que viaje em conforto e discrição em classe executiva, que tenha atenção à sua segurança, e que honre aqueles que representa. Não o quero a fazer bicha para ir à casa de banho, a lutar por um lugarzinho no compartimento por cima dos assentos para o seu sobretudo, nem a desembrulhar a sanduíche 'ranhosa' fria e seca que é oferecida neste tipo de voo, enquanto tenta perceber a melhor forma de colocar as pernas para baixar o tabuleiro. Não quero que vejam, fotografem, filmem e postem na internet o seu momento a 'passar pelas brasas', ou até (eventualmente) o seu ressonar. Não é pedido isso a um Primeiro-ministro, nem em tempo de crise. Não é essa "poupança" que é relevante e o gesto simbólico de "falsa igualdade" é mau, muito mau.
Por favor, não comecem a fazer de nós parvos como José Sócrates fazia. Concentrem-se no que é importante, que já é muito - tal o legado do governo anterior - e para o qual precisam de toda a energia, coragem e trabalho. E poupem-nos a demagogia de encher o olho, por favor.