Esta semana já não se podia olhar para a televisão, ou seguir de perto outros meios de comunicação. A morte de Hugo Chavez – prontamente canonizado nesses já habituais processos populares e mediáticos de canonizações laicas – dominou o espaço comunicacional ao exagero. Seguiram-se os fait-divers do Vaticano e por extensão os da Igreja Católica: os sapatos papais, as chaminés na Capela Sistina, os cardeais “papáveis”, o Vatileaks, as especulações sobre o dossier secreto pedido por Bento XVI a três Cardeais sobre a Curia, os Cardeais com acção duvidosa (encobrimento) em casos de pedofilia, e, imagine-se, até vejo noticiado aqui esse facto de indiscutível pertinência que é a posição da Igreja católica Croata sobre a educação sexual nas escolas croatas. Como se estas lavagens cerebrais não bastassem, cá dentro (em Portugal) discutia-se o salário mínimo – um pindérico ersatz do debate que o governo (e oposição, e sociedade civil...) não sabe nem quer fazer sobre as opções políticas para uma reforma do estado – e não faltou sequer o Dr. António Borges a dar o seu parecer com aquele sentido de oportunidade a que já nos habitou.
Sobrou o Dia Internacional da Mulher, um dia muito celebrado nos países muçulmanos e nos países de leste da ex-esfera da ex-União Soviética. Por algum motivo que ainda não percebi, este ano o folclore e os clichés lamechas mantiveram-se distantes de mim, tendo sido a minha atenção canalizada para as inúmeras estatísticas sobre a condição/situação da mulher em diferentes partes do mundo que, a pretexto do Dia da Mulher, foram publicadas em diferentes meios de comunicação. Não fui confrontada com nada que não se soubesse ou adivinhasse, mas o impacto de ler tantas estatísticas em tão pouco tempo deu – de repente uma outra dimensão e significado a um “Dia de” que preferia não existisse. Há muito a fazer para garantir a segurança das mulheres e seus filhos, e garantir a igualdade de tratamento e de oportunidade para as mulheres do mundo todo. Maria João Marques lembra algumas das mais importantes questões neste post ‘levezinho’.