Este post zangado de Pedro Mexia na Lei Seca, tem sido pretexto para trocas de argumentos e acesas discussões, algumas interessantes, em vários blogues (nomeadamente aqui). Zanga e qualificativos à parte, há uma dúvida que persiste em mim e que a minha modesta cultural liberal e a minha estrutura intelecto-cultural (nada complexa, por sinal) me impedem de perceber. Por muitas voltas que dê à cabeça, simplesmente não entendo como é que “uma situação profissional”, segundo a definição de Pedro Mexia de “independência”, pode alguma vez ser independente de um “modo de financiamento”, ou seja, os ditos subsídios. Financiamento está inexoravelmente ligado ao exercício de uma actividade profissional. Esta última simplesmente não existe sem a primeira. Há hobbies, há trabalho voluntário, há actividade amadora, mas actividade profissional sem remuneração (categoria onde os ditos “subsídios” cabem) não há. Ponto.
O que me parece estar em causa do ponto de vista da discussão política é o modo de financiamento da actividade cultural em Portugal – e já agora um módico acerto sobre a definição e o que cabe nesse conceito “cultura”, aquela que o estado deve financiar, bem entendido, que sobre a outra o terreno é vasto e a liberdade muita - e a sua dependência da atribuição ou não de subsídios, e não o tipo de vínculo laboral dos agentes culturais. Confundir o problema trazendo à arena a questão dos vínculos laborais, é pobre ilusionismo.