A atitude é de uma vítima injustiçada e revoltada contra a conspiração de que foi alvo quando tudo, afinal, corria tão bem. Diz que põe os interesses do país acima de tudo. Ele fez o que pôde, os outros não deixaram. Clama justiça. A retórica é simples, eficaz e segura ajudada pelo tom determinado. A alienação parece que continua, não vi sinais de regresso à realidade (se é que alguma vez esteve nela) o “estado a que isto chegou” deve-se a inoportuna oposição, nunca aos seis anos da sua governação. Especialista no manejamento dessas modulações que vão da “inverdade”(*) à mentira, e ajudado por um PS albanizado que vota 93,3% no último congresso, José Sócrates mantém-se imbatível nesta área. O PS é co-responsável, mas mantém-se imperturbável salvo raríssimas excepções: umas mais papistas que o papa, outras ousando questionar o líder. Ele fala, discursa, diz agora, desdiz logo, inventa, cria, mente. Quem (PSD) tentar vencê-lo aqui perderá.
Os opositores terão que escolher outras armas, outras formas. Uma delas é falar com determinação sempre a verdade, simples e clara. Evitar discursos pomposos, formais, bons para adormecer. A tentação das promessas, esperanças vãs, das luzes ao fundo do túnel terá que ser combatida e resistida, sem piedade.
(*) Que conceito!