08/04/11

Mulheres (*)

Made in Dagenham (Igualdade de Sexos) pode não ser uma obra-prima, pode não arrastar multidões, nem sequer será um filme indispensável, mas é um filme inteligente e divertido. É uma mistura interessante de comédia light, com acontecimentos reais e com mensagem política. As personagens, apesar da ligeireza, são muito verosímeis, e é impossível não simpatizarmos com estas mulheres que fazem uma greve porque pedem igualdade salarial: para trabalho igual remuneração igual. A equação é simples, a mentalidade é que não. Em 1968, em Inglaterra, elas foram pioneiras e abriram caminha para transformações na legislação.

Pensando bem, grande parte do trabalho feminista – a quem todas nós mulheres tanto devemos – mais marcante e determinante para a valorização do papel da mulher, fundamentou-se sobretudo na força da evidência, da lógica da racionalidade. Acesso ao voto, pagamento igual para trabalho igual, igualdade no acesso à educação, fim da discriminação, foram imposições mais ou menos demoradas e sofridas, da lógica e da racionalidade, e sempre servidas pela coragem e luta de tantas mulheres. Quando a luta feminista sai destes parâmetros, torna-se mais pantanosa pois normalmente está ao serviço de uma determinada ideologia, de uma moda, ou de uma mera fantasia (pseudo-científica, pseudo- psicológica, etc).

As mulheres do filme confrontadas com a evidência que era a desigualdade salarial para trabalho igual, uniram-se numa luta laboral. No fim do filme em clima ligeiro e festivo (e com música dos anos 60) são apresentados testemunhos dessas mulheres reais que ainda hoje vivem e que fizeram essa greve na fábrica da Ford de Dagenham; uma diz aquilo que o filme consegue transmitir: elas não se tinham apercebido da força que tinham, nem da força do argumento naquela época.
(Continua)
(*) Título "roubado" ao FNV.

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