Ontem li esta notícia e ouvi-a ao fim do dia nas televisões. Pensei em Portugal, e a notícia pareceu-me profética. Comecei a ver o ‘filme’ que passará nos noticiários daqui a um ano, se o PSD ganhar as próximas eleições e governar coligado com o CDS tentando a custo cumprir os objectivos do acordo que salvou o país da bancarrota, uma criação do PS. O filme era claro e nítido: o PS português, agora na oposição, com ou sem Sócrates (a diferença estará sobretudo no tom), alheio ao acordo e compromisso que assinou com os nossos credores (FMI, CE, e BCE), e à necessidade de unidade no esforço para superar a crise, sentir-se-á livre para, com aquela força e fervor únicos – folclore esquerdista - e até nunca vistos nos últimos 6 anos de governação, abraçar o ‘estado social’, defendendo-o de uma direita apostada em destrui-lo (ou não fosse ‘direita’). Irá solidarizar-se com o primeiro ‘geração à rasca’ que acampar no Rossio. Apoiará os sindicatos que declararem greve. Juntar-se-á às manifestações de protesto nas avenidas da Liberdade ou Aliados. Dará voz às reivindicações da primeira comissão de trabalhadores que aparecer. Indignar-se-á contra as medidas do futuro governo e estará, como nunca, ao lado dos médicos, dos professores, dos estudantes, dos magistrados, dos trabalhadores da função pública, dos maquinistas dos comboios e até dos militares.
Gostava que alguém me dissesse que este filme que vi, é apenas fruto de uma imaginação febril, e que o que se passa hoje na Grécia (apesar do mapa político distinto) não se passará em Portugal.