26/06/12

Euro 2012


As ‘entrevistas de rua’ são uma das pragas dos nossos noticiários televisivos. A ideia de ir para a rua perguntar a quem passa se concorda com isto ou aquilo, o que pensa desta ou daquela proposto de lei, data, pessoa, acontecimento, ou o que acha que vai acontecer depois disto ou daquilo, é de uma falta de interesse ou relevância ímpar, por mais interessantes ou relevantes as questões em causa. Confunde-me o tempo (e recursos) que se desbaratam a perguntar às pessoas ou que elas não sabem responder, ou que já tem uma resposta previsível, ou o óbvio, normalmente o óbvio, sempre muito óbvio. Mais uma vez confirmei o que acabo de escrever neste fim-de-semana passado quando, por exemplo, vejo a Rosa Veloso (correspondente da RTP em Espanha) a perguntar aos madrilenos adeptos do Real Madrid se querem que Cristiano Ronaldo marque golos no jogo da próxima quarta-feira entre Portugal e Espanha. Ela profissional esforçada, consegue ir a ‘outro nível’: não pergunta ao madrileno comum se quer que a Espanha ganhe a Portugal no jogo, nada disso. Indo ‘mais além’ no que ela pensa poder ser alguma hesitação entre lealdades, faz a rebuscada pergunta introduzindo os obstáculos Real Madrid, Cristiano Ronaldo, Pepe. Uf! Que esforço fez... Mas em vão, cara Rosa Veloso, porque por muitas distracções que imagine e verbalize na sua pergunta, por muito que se esforce a tentar uma hesitação, por muitas pessoas diferentes que entreviste, o essencial não muda. Os espanhóis continuam a querer que a Espanha ganhe, os Portugueses que Portugal ganhe, os Alemães que a Alemanha ganhe e os Italianos que Itália ganhe. Quem diria!

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