09/06/12

Da Paciência

Não têm faltado na comunicação social tratados sobre a paciência (segundo Passos Coelho a vê) em debates, crónicas e opiniões. Aliás Passos Coelho e a sua já conhecida attitude complacente (pieguice, desemprego como oportunidade, emigrar, etc) traduzida em frases tão banais que nem os mais elementares manuais de auto-ajuda se atreveriam a inclui-las, parece insistir em proferi-las, coisa que começa a espantar e a interrogar-me sobre o papel de tantos assessores e especialistas. Será que não aprende nada com os erros? Aparentemente não consegue e o nível do discurso político em Portugal, por parte dos detentores de cargos de responsabilidade governativa ou partidária é cada vez mais confrangedor. Lembro outro o contributo do líder da oposição para este cenário uma vez que consegue a proeza de falar e nunca dizer nada – aliás continuo a interrogar-me sobre se ele pensa algo… 

Voltando à ‘paciência’: recomendo o artigo do Público de hoje de José Pacheco Pereira que insiste, e bem, em ler a dita paciência de uma forma política e não ‘psicológica’, e deixo aqui o parágrafo final: 

Respeitar os portugueses não consiste em falar-lhes com uma mistura de complacência e paternalismo, mas estar ao lado deles com simpatia activa nas suas tribulações. Há poucas coisas mais comunicáveis do que a empatia, seja simpatia seja antipatia. Para ser entendida por todos não precisa de assessores, nem de agências de comunicação. Precisa apenas de existir. E o problema maior de "comunicação" deste governo é que preso nas suas ideias gerais e vagas sobre o país, preso nas suas ilusões sobre meia dúzia de receitas económicas, preso num profetismo adolescente, entre a fraca convicção e os lugares-comuns, que soçobrará a qualquer momento na parede dos factos, não consegue mostrar um grama de empatia sobre o sofrimento que assim se torna "dos outros". 

É por isso que chamar "paciente" ao povo português parece mais um insulto do que um elogio.

Arquivo do blogue

Acerca de mim

temposevontades(at)gmail.com