Afterwards she said she had been silly, that the boy’s hair would have had to be cut, sooner or later. In the end, she even brought herself to say to her husband, it was just as well he had played the barber when he did. But she knew, and Morel knew, that that act had caused something momentous to take place in her soul. She remembered the scene all har life, as one in which she had suffered the most intensely.
This act of masculine clumsiness was the spear through the side of her love for Morel. Before, while she had striven against him bitterly, she had fretted at him, as if he had gone astray from her. Now she ceased to fret for his love: he was an outsider to her. This made life much more bearable.
D. H. Lawrence, Sons and Lovers
O tom do livro, publicado em 1913, está dado. Estamos num universo intimista, em que se fala da alma, das expectativas, das desilusões, de procura da felicidade, e onde se lê a ambição na realização pessoal. As personagens investem na relação afectiva entre elas (ultrapassando toda a formalidade) e vivem num quadro de teias afectivas complexas e contraditórias. O último parágrafo transcrito é uma ilustração dessa complexidade e espelha também uma visão sem pudor da alma. É um Parágrafo intenso e duro e nele já sentimos pairar a presença de um universo freudiano que abre novos caminhos na ficção literária, e que nos mostra que este romance está bem ancorados no séc. XX.
O título não engana: ‘Sons and Lovers’. Quem mais íntimo do que os filhos e os, neste caso as, ‘lovers’? ‘Lover’ é muito mais do que ‘namorada’ que é uma palavra demasiado formal e social, deveria ser ‘amante’, mas a palavra hoje, lamentavelmente soa pejorativa e vem com toneladas de julgamento moral.