06/03/11

Revoluções Pacíficas

Aqui ou aqui, mais notícias do país que faz a revolução pacífica; cujos habitantes anseiam a democracia; que usam a palavra liberdade (sempre nos lábios e pronta a usar) em qualquer slogan que inventem; que promovem a tolerância; que defendem a diferencia e onde a mulher tem direitos e tratamento iguais aos do homem, nomeadamente na escolha daqueles com que querem casar. O que está por trás de uma “revolução pacífica” como a do Egípto, mesmo tendo em consideração alguns reais anseios de liberdade e democracia tal como no ocidente as concebemos, é algo muito mais complexo do que nós sabemos e sobretudo do que nós queremos ver e saber.

Para que algumas dúvidas sejam esclarecidas: no Corão 2:221, há todo um ensinamento sobre como não se deve casar e como não se devem casar as filhas (que nunca têm autonomia, e dependem sempre do familiar masculino mais próximo) com infiéis e como é melhor casá-las com um escravo (sim, o Corão fala amplamente sobre os escravos) a casá-la com um infiel. Convém ter presente também que os muçulmanos usam o Corão como base das leis que criam, (daí as dificuldades com a criação de um sistema político secular) dos comportamentos que adoptam. O Corão é tomado à letra, lido como sendo realmente a palavra de Deus revelada ao Profeta. Não há, como noutras religiões, margem para interpretações, para análise do contexto e circunstâncias em que foi escrito, nem sequer do reconhecimento que, porque foi escrito por homens, poderá ter as naturais inconsistências ou visões (quem sabe até alucinações) próprias de quem que escreve. Todas as interpretações são possíveis, nenhuma formalmente validada por uma "igreja" centralizadora. Em última análise o património comum islâmico acaba sempre por ser o que está escrito no Corão; tal qual está escrito.

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