O infeliz e patético discurso de Jorge Lacão sobre as incoerências do PSD, (SIC em directo) veio gritar o que nos espera: uma campanha eleitoral. Quarta-feira a crise política atingirá o seu auge e a partir de aí estaremos “oficialmente” em campanha eleitoral (já estamos, mas não é oficial). Sei que não há outra solução, e neste momento nem desejaria que houvesse, para a continuação deste governo, mas vejo com relutância o espectro de mais uma campanha eleitoral. Que vão os partidos dizer? Que podem prometer? Vão vender esperança mostrando a luz ao fundo do túnel na forma de prazos que eles “inventarão” para o fim da crise que será ultrapassada através de umas medidas que ninguém percebe bem quais serão nem que resultado terão. Irão inventar um futuro não demasiado próximo (isso seria de mais) de sol através de abundante retórica e os imprescindíveis paninhos quentes para não assustar os eleitores. (Que saudades do discurso seco e sem marketing comunicacional de Manuela Ferreira Leite vamos ter).
Enfim, teremos o PS, com um inconformado José Sócrates que, apesar da crescente resistência interna, apurará a sua estratégia comunicacional de vitimização, de chantagem e terá a sua fiel esquadra a montar intrigas com timings impecáveis, levantar desconfianças, vasculhar passados, e a descobrir SISAS mal calculadas, e permutas de casas de que desconfiarão. Nunca se deve subestimar José Sócrates e a sua capacidade mobilizadora. Se o PSD fizer isso está perdido. Uma coisa é certa: o PS não se dedicará a descobrir e investigar licenciaturas ao Domingo: isso já é um exclusivo seu.
O PSD armar-se-á da mais fina retórica e tentará passar a imagem de reformador com um comunicação profissionalizada, e muitas, muitas ganas. Todos a posicionarem-se, a tentarem encontrar o seu lugar rapidamente, não vão ficar esquecidos da hora da distribuição do espólio que sobrará finda a guerra eleitoral que provavelmente teremos a curto prazo e que provavelmente lhes trará uma vitória. Aliás uma volta pela blogosfera já nos permite ver esse (re)alinhamento. O CDS cultiva com primor a sua “indispensabilidade” e Paulo Portas (como se viu no congresso deste fim de semana) não contém a sua excitação em “ser governo”, qual criança em vésperas de regresso à escola de mochila nova aos ombros.
Eu gostava de ser poupada a esta desnecessária agitação. Talvez emigrar, ou ler mais, ver mais filmes e séries. Digo eu, sabendo que me irei indignar, irritar, aborrecer, vibrar, desabafar...