11/03/11

Cara ou Coroa

Já vimos no PEC IV anunciado hoje (e ao que parece sem prévio conhecimento do PR) os resultados práticos da ida de José Sócrates a Berlim, chamado por Angela Merkel, claro, que entretanto vai avisando: “cada país é responsável pelas suas dívidas”. Por cá, os nossos governantes atordoados com os crescentes problemas financeiros comprometem, com medidas desesperadas e cortando a direito (perdoe-se o plebeísmo), cada dia um pouco mais, o crescimento da economia, a importância da política, a estabilidade social. Os mercados vêem um PEC atrás do outro e não se deixam impressionar com mais aumentos de receitas à custa da economia. O retrato, cruel segundo disseram os socialistas, que Cavaco Silva fez do país no seu discurso na tomada de posse, só pecou por ter sido brando. José Sócrates continua obstinado a não querer ver o país que tem para governar, e a não querer ver nem perceber. Foge para a frente utilizando sempre os meios mais fáceis. No entanto não descura nunca a propaganda: enche a agenda de inaugurações e anúncios para uma entidade abstracta que ele crê ser o nosso país, algo que só existe na sua cabeça. E nós vemos que quem o rodeia se presta a esse jogo da cegueira selectiva.

Mas parece, segundo o que lemos por aí, que esta semana a alternativa se chama“geração à rasca”. Deus nos livre! Esta expressão é, só por si, motivo de rejeição de tal "conceito" da minha parte. Mas há mais: nutro cada vez menos simpatia, e tenho cada vez menos paciência por todos aqueles que passados os vinte e poucos anos continuam a achar-se e a chamar-se “jovens” (os que convocam a manifestação dizem-se jovens). É tempo de crescerem, serem adultos, eu sei que o marketing moderno não ajuda, mas há compensações, prometo. Percebam que na vossa idade continuarem a culpar a gerações anteriores dos vossos insucessos fica mal e é claro sinal de imaturidade. Lamentavelmente já não se estranha quase nada num país torpe que se deixa enlear no primeiro entusiasmo demagógico que ouve/vê no facebook - assim como está na moda, (Egipto, e tal), um país que adere a slogans fáceis contra a classe política que querem deitar abaixo (e fica quem?), um país em que a comunicação social se deslumbra com tanta manifestação popular, mas um país onde todos (PM incluído) e cada um, recusam ser responsabilizados. Temos todos (“deolindos” incluídos, ou especialmente incluídos que as abstenções muito se devem a eles) os políticos que elegemos, e em última análise, que merecemos. Resta-me a mim o desabafo (já nem consolo é) "nunca votei neles".

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