Quando a vejo em filmes como A Place in the Sun, Suddenly Last Summer (ambos ao lado de Montgomery Clift), Cat on a Hot Tin Roof (contracenando com Paul Newman) ou Who’s Afraid of Virgínia Woolf (com Richard Burton), não consigo tirar os olhos dela. O que a torna uma das mais belas mulheres de sempre não é só a cor dos seus olhos, ou o desenho da sua boca, é sobretudo o olhar, a presença, o magnetismo, a sensualidade de estar viva e ser vulnerável, o ser imensa.
Outra das coisas que mais admirava em Elizabeth Taylor foi o facto de ter sido sempre uma mãe assumida, que gostava da maternidade, numa época em que não era “moda” ser mãe e em que muitas actrizes não o assumiam. Tinha um corpo de mãe: um corpo de mulher madura que abraçava essa maturidade, um corpo lindo, com história e curvas, e não um corpo linear e teimosamente adolescente - o canon de hoje tenham as mulheres 20 ou 50 anos. O trabalho, o esforço, o dinheiro e o tempo que hoje as mulheres (e homens...) gastam a contrariar a passagem do tempo, a manterem-se "adolescentes", tiveram pouco eco em Elizabeth Taylor. Ela cedia à vida, cedia aos prazeres da vida, e até aos seus excessos, tendo pago o justo preço por isso: amou, desamou, foi amada, foi desamada, entregou-se à sua arte, entregou-se aos filhos, bebeu demais, tratou-se, gostava do luxo e exibia-o, coleccionava diamantes grandes demais, gostava de casar e teve maridos "demais", esteve doente inúmeras vezes: resumindo, esteve sempre viva! Tão longe de uma vida de smoothies de pepino, bróculo e salsa ao pequeno almoço, de arroz integral ao jantar, e regulares consultas para o botox e enchimentos facias (e não só), as receitas infalíveis para a ilusão de um eterno corpo adolescente e de uma eterna juventude.