15/02/12

A Sonata de Kreutzer

Depois de Anna Karenina, li o conto/novela A Sonata de Kreutzer, livro de 100 páginas muito mais leve (só em gramas, claro) que o anterior. A obras de Lev Tolstoi, mesmo quando não gostamos assim tanto, ou mesmo quando são mais ‘moralistas’, são completamente viciantes. Começamos a ler e só queremos ler ainda mais. Há uma naturalidade na sua forma de escrever, de tornar a obra ‘nossa’ e parte de nós naquele momento que é quase única na literatura. Raramente me apercebo que estou a ler quando o leio, de tal forma a obra se funde connosco e a nossa adesão a ela é incondicional. Aconteceu-me isso com todos os livros seus que li (falo só de ficção) e agora lamento que já os tenha lido quase todos (falta-me, por exemplo, Ressurreição, e por ser o seu romance mais criticado, tenho receio de me desiludir... veremos um dia) porque leria mais e mais. A Sonata de Kreutzer é assim também, apesar de ser obsessivo, excessivo e até desagradável. As primeiras páginas intensas, moralistas, obsessivas, chatas, não impedem que se entre no ritmo da novela e num ápice e sem nos apercebermos estamos a acompanhar o crescendo de tensão que se cria, até acabar no desfecho anunciado. No entanto, e sobretudo por causa do seu exacerbado moralismo e excessos obsessivos e repetitivos, é uma obra muito menos interessante do que a novela igualmente obsessiva A Morte de Ivan Ilyich

Uma característica comum nas duas obras chamou a minha atenção: o ciúme. É ele o principal motor narrativo de A Sonata de Kreutzer, e que está também presente de forma marcante – ao ponto de condicionar o(s) desfecho(s) - em Anna Karennina, mas falarei sobre o assunto noutro post sobre este romance.

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