09/02/12

Ainda a Problemática do Discurso da Pieguice

Ainda a problemática do discurso da pieguice que tanta tinta tem feito correr e que tem tanta gente exigente (em jornais, televisões e blogues) a desculpá-lo. 

Um mau discurso é um mau discurso e não há volta a dar. Isso percebe-se, e garanto que não é preciso uma enorme sofisticação intelectual - basta alguma exigência, se analisarmos cada frase, cada parágrafo: se formos à procura do significado político, se quisermos ler para lá dos chavões da exigência, e se não nos deslumbrarmos com diversas banalidades (tipo os do passado e os que olham para a frente), o sumo da retórica comunicacional do momento. Fazer interpretação política; parar e perguntar o que é que está ali dito/escrito. Se formos sérios, dificilmente vemos mais do que uma prelecção semelhante às que podemos ouvir aos Domingos na boca de um padre (urbano) que pouco tempo perdeu a preparar o sermão. Ora, sermões dos Primeiros-ministros tresandando a paternalismo e transbordando de banalidades moralistas, não por favor. José Sócrates bastou e não é por o sermão vir de Pedro Passos Coelho que o torna oportuno ou admissível. E lamento que em matéria de forma PPP seja tão parecido com JS e nos tente conduzir, aparentemente com sucesso e facilidade, para o vazio político. Nada que surpreenda, confesso. 

Dou de barato a boa intenção do Primeiro-ministro, dou de barato a vontade de todo o governo e do Primeiro-ministro em particular, de que Portugal cumpra os acordos que nos garantem a ajuda externa. Concordo que os anos de propaganda socialista e de falta de seriedade perante o eleitor, nos levaram à ruína, e que um discurso mais exigente (outra vez a exigência) e sério se impõe. Acredito que muitos dos membros do governo queiram e trabalhem para transformar Portugal num país de maior produtividade, mais competitivo, mais moderno, mais racional, mais preparado para o futuro. Repito, louvo essas boas intenções, (apesar das dúvidas quanto à concretização dos objectivos), mas elas só por si não fazem bons discursos, nem discursos oportunos. E não são essas boas intenções, nem sequer a memória presente do desastre socialista, que me farão pensar ou dizer que o discurso é bom ou oportuno quando não o é. Simples. Mas isso sou eu...

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